Vivemos num mundo onde as mudanças se tornaram permanentes e cada vez mais velozes. Somos obrigados a mudar todos os dias - de gosto, de opinião, de jeito de fazer as coisas e até de relacionamentos. Precisamos estar sempre com espírito aberto ao novo, caso contrário, seremos engolidos e nos tornaremos peças de museu. Mas o ser humano não foi feito para gostar de mudanças, adoramos nos agarrar às nossas certezas e à segurança e previsibilidade que elas trazem para nossa vida.
Os estudos de neurociência apontam que nosso cérebro sempre busca o caminho mais fácil para obter recompensas e poupar energia. Mudar dá trabalho, cansa. A previsibilidade nos acalma, nos deixa tranquilos, é tão bom nos sentirmos seguros e protegidos em nossas convicções. Ah, como é bom! Mas a verdade é que não tem jeito, pra frente é que se anda. Ainda mais num mundo com tantos avanços tecnológicos como o que vivemos. Temos a chance de evoluir, mesmo que a gente não goste muito de mudar as coisas.
São poucas as pessoas que realmente curtem mudanças, as que tem o temperamento sanguíneo sim (os temperamentos humanos são uma lente da antroposofia para entendermos os nossos estilos de comportamento e as pessoas de temperamento sanguíneo são as que mais gostam de novidades e abominam rotina). Mas garanto que mesmo para os sanguíneos mais clássicos há um tipo de mudança que é uma das mais difíceis de se encarar: a mudança de carreira. Ou num escopo ainda mais amplo: a mudança de vida e trabalho!
Não é fácil. Às vezes tomam as decisões por nós, às vezes simplesmente é chegada a hora da aposentadoria, outras vezes nós é que tomamos a vida nas próprias mãos e decidimos fazer uma reviravolta, mesmo “contra tudo e todos”. Mas o fato é que em nenhuma das maneiras é fácil... Sempre tem alguma dor, algum medo de escassez, alguma sensação de perda, insegurança ou vazio.
Mudar de emprego é relativamente mais simples. Você tem mais noção do que escolher e do que esperar do novo trabalho. As Organizações em geral se parecem bastante, todas têm seus recursos, seus processos, suas relações e sua identidade. É uma questão de tempo para conhecer o jogo e se sentir “veterano” numa nova empresa ou numa nova posição, saber navegar por ela. Os desafios são maiores e mais profundos quando decidimos empreender uma mudança de carreira, de tipo de trabalho e de estilo de vida.
Muitas coisas estão em jogo nessa escolha. São muitos os dilemas que podem até nos paralisar se não soubermos lidar com eles. Em geral, o maior de todos é em relação à segurança financeira. Terei dinheiro para viver? Como farei para sustentar a mim e à minha família? De quanto preciso para viver a vida que desejo? Qual trabalho me proporcionará esse ganho? Como fazer??
Depois de anos de experiência em atendimentos de Coaching eu garanto que muitas das pessoas que buscam ajuda para entender suas frustrações e desmotivações com a carreira atual e tem um grande desejo de empreender uma mudança profunda para viver uma vida mais plena e feliz, param nessa etapa. Sabem que não fazem o que gostam, que o tipo de trabalho atual não as realiza mais, sabem que sua felicidade plena não está mais nesse “lugar”, neste formato, mas não conseguem dar o primeiro passo para fazer uma nova escolha, pois morrem de medo da escassez, principalmente a material. E aí não mudam, continuam fazendo o que sempre fizeram, nos mesmos ambientes, com as mesmas pessoas, mesmos repertórios, sem muito brilho no olho, sem vontade de estar ali. Algum tempo depois até adoecem e padecem de doenças físicas e emocionais tentando segurar seus impulsos e vontade de mudar.
Para aqueles que desejam começar uma nova etapa de vida ou mudar radicalmente de carreira, além das questões relacionadas à segurança financeira, outros dilemas também surgem:
Como começo uma mudança desse tipo?
Qual é o primeiro passo que devo dar?
O que quero realmente fazer da vida?
Quais problemas do mundo quero resolver com meu talento?
O que sei fazer bem?
Quais são minhas paixões?
Como construo uma nova identidade e uma nova profissão a partir de quem realmente sou e do que acredito?
Qual trabalho é a expressão da minha verdadeira essência?
Com quem quero me relacionar e trabalhar?
Para inspirar e apoiar as pessoas que estão nessa fase de vida e que sentem os desconfortos desses dilemas (sim, eles são bem desconfortáveis!), alguns dos integrantes da Eight, a rede colaborativa de profissionais de desenvolvimento humano, relatarão as suas próprias histórias pessoais de transição de vida e trabalho, seus dilemas e aprendizados.
Confira os relatos pessoais dos membros da Eight∞, seus dilemas e aprendizados nos próximos posts do blog!
Relato da Fernanda Abrantes: A Executiva de RH que se permitiu ser (até) professora de artes
Relato do Roberto Rotenberg: De expert em riscos para expert em gente
Relato da Christine Napoli: De Executiva Financeira à "bicho do mato"
Relato da Erica Mizumoto: Do mundo das finanças para o universo do Ser Humano
Relato da Karina Colpaert: Do singular ao plural
Relato da Valeska Scartezini: E quando o propósito não vem?!
Relato da Cristiane Vicchiato: O dia em que pedi demissão
Relato da Michele Crevelaro: A jornada da vida é feita de transições!
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