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Degrau quebrado, teto de vidro, chão pegajoso e a liderança feminina

  • Foto do escritor: Christine Bona
    Christine Bona
  • 31 de mar.
  • 3 min de leitura

A liderança feminina tem sido um tema cada vez mais relevante no mundo corporativo, impulsionado por discussões sobre diversidade e inclusão. Embora as mulheres tenham conquistado avanços significativos nas últimas décadas, desafios estruturais ainda persistem.


Relatórios recentes, como o "Women in the Workplace 2024" da McKinsey e o "Women @ Work 2024" da Deloitte, indicam que, apesar do aumento da presença feminina em cargos de liderança, ainda há barreiras a serem superadas. Até aí, nenhuma novidade.



Imagem mostra tem maneira metafórica os obstáculos que as mulheres enfrentam na ascensão da carreira


Você já ouviu falar no fenômeno do "degrau quebrado"? 


O termo, cunhado em 2015 pela psicóloga Alice Eagly, descreve a dificuldade das mulheres em conquistar a primeira promoção para cargos de gestão, criando um gargalo que compromete toda a estrutura de liderança empresarial.


Os relatórios citados anteriormente indicam que as mulheres continuam a ser promovidas a cargos gerenciais em uma proporção menor do que os homens, o que impacta diretamente a representatividade feminina nos níveis mais altos da hierarquia corporativa.


Ou seja, o “degrau quebrado” continua presente nas organizações e isso se traduz na cultura organizacional vigente.

Essas pesquisas também revelam uma contradição: as mulheres estão cada vez mais qualificadas, estudam, se graduam e se especializam, mas muitas vezes não acumulam um "capital de experiência" que lhes permita avançar profissionalmente.


Segundo o relatório How Women Can Win in the Workplace (Harvard), esse capital se constrói ao longo da carreira com conhecimento estratégico e experiência em posições-chave. Mas para isso, as mulheres precisam encontrar empresas com a cultura certa.


E não seria justamente essa cultura definida por aqueles que já estão no topo?


Sabemos que a cultura de uma organização se molda “de cima para baixo” e pelos comportamentos que acontecem a partir daí e as mulheres enfrentam o tal do “degrau quebrado”. 


Precisamos de mulheres na liderança para moldar a cultura organizacional e, ao mesmo tempo, as mulheres não encontram organizações com uma cultura que lhes permita chegar à liderança.

E o "teto de vidro", ainda existe?


O “teto de vidro”, conceito popularizado nos anos 80, ainda é realidade. As barreiras invisíveis que impedem as mulheres de alcançar os cargos mais altos nas empresas, mesmo quando possuem qualificação e

experiência equivalentes às dos homens, limitam seu crescimento profissional.


Embora as mulheres atualmente estejam cada vez mais qualificadas e participem do mercado de trabalho em proporções próximas às dos homens, sua ascensão a cargos de alta liderança ainda ocorre de forma lenta e desigual.


A pesquisa da Harvard Business Review aponta que, mesmo possuindo os mesmos níveis de qualificação e experiência, mulheres frequentemente enfrentam barreiras invisíveis que limitam seu crescimento profissional e para combater o “teto de vidro” é necessário um esforço contínuo para mudar percepções e eliminar vieses inconscientes que ainda impactam as oportunidades para as mulheres.


E quanto ao "chão pegajoso"?


Esse conceito, introduzido nos anos 90, descreve como muitas mulheres permanecem presas a cargos de entrada e funções operacionais ou em níveis hierárquicos mais baixos, com menos oportunidades de ascensão e menores salários.


Quem nunca ouviu: “na nossa empresa temos até mais mulheres do que homens”, mas a representatividade de mulheres na gestão não chega nos 20%?  Esse é o tal do “chão pegajoso” em ação em pleno século XXI.


Segundo a pesquisadora Catherine White Berheide, uma das primeiras a usar esse termo, o caminho para desgrudar do chão seria dar acesso às mulheres a mentores estratégicos dentro das organizações e a existência de uma cultura organizacional (olha ela aí de novo) que encoraje e facilite essas conexões no ambiente de trabalho.


Qual o futuro da Liderança feminina?


Voltando às pesquisas, avançamos, mas os desafios ainda persistem. O futuro da liderança feminina dependerá não apenas de políticas empresariais bem-intencionadas, mas de uma mudança real na cultura organizacional.


Se as empresas desejam transformar a liderança feminina, não basta reconhecer os desafios — é preciso reconstruir as estruturas que perpetuam essas barreiras. 

A cultura corporativa precisa deixar de ser um entrave para se tornar um agente ativo da transformação. Ou as mulheres continuarão caminhando sobre chão pegajoso, olhando para um teto de vidro e tentando consertar degraus quebrados sozinhas.


Christine Bona

Coach PCC (Professional Certified Coach) pela ICF (International Coaching Federation) É mentora organizacional e tem mais de 30 anos de experiência corporativa em Finanças, tendo ocupado cargos de gestão no Lloyds Bank e de alta gestão no Credit Agricole e no Société Générale.

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