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  • Foto do escritorValeska Scartezini

Navegando no universo da IA: Impressões de uma eterna aprendiz

Atualizado: 3 de abr.

Começo do ano é uma época propícia para lermos sobre tendências, fazermos planos futuros e pensarmos nos objetivos que queremos para nós. Certo?


Talvez não todas as pessoas, mas acredito que muitas tenham o hábito de fazer suas listinhas de metas, ou pelo menos parem para refletir sobre o que desejam para o novo ano (eu sou das que fazem a listinha!).



Foto da mão de homem com uma bússola na mão. Representa a autora navegando pelas novas novas descobertas sobre Inteligência Artificial


Falando em tendências, não sei você, mas para onde olho, o tema inteligência artificial está lá. Nos mais diferentes grupos, atrelado aos mais variados assuntos ou segmentos, ela é foco e deve seguir no topo dos assuntos mais debatidos neste ano.


Em agosto de 2023, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicou um relatório que avalia o impacto da inteligência artificial generativa (GenAI) na quantidade e na qualidade do emprego


Em linhas gerais, a conclusão que este estudo chegou é que a inteligência artificial generativa tem mais probabilidade de complementar empregos do que destrui-los, automatizando algumas tarefas ao invés de substituir totalmente as suas funções.

Outro material ao qual tive acesso é um relatório produzido pela Gartner, uma empresa de tendências que se dedica a fornecer insights práticos e objetivos. Este relatório revela as 9 tendências previstas para o futuro do trabalho em 2024 e dou três chances para você adivinhar qual é a segunda tendência. Acertou. A segunda tendência diz que a inteligência artificial cria oportunidades para a força de trabalho, em vez de diminui-las.


Antes de seguirmos, preciso dizer que não tenho a intenção de discorrer sobre os benefícios da inteligência artificial, ignorar suas ameaças ou me posicionar como super a favor do que está por vir. Eu nem seria a pessoa mais indicada para isso, pois não acompanho com profundidade as discussões.


Estou mais no grupo dos que tem sentimentos díspares sobre o assunto: fico encantada com algumas maravilhas que já estão à nossa disposição ou que logo, logo baterão à nossa porta e ao mesmo tempo assustada com os problemas que poderemos criar ao seguirmos por este caminho sem volta.


Minha intenção com este artigo é provocar a mim (e, por que não, a você) a identificar quais oportunidades de crescimento estão diante de nós. E esta provocação tem a ver com algo que acreditamos na Eight, rede colaborativa da qual faço parte:


Se formos capazes de manter a nossa mente aberta, isto é, deixar de lado a voz do julgamento; se mantivermos o nosso coração aberto, sem ceticismo e com uma postura de “eterno aprendiz”; e se conseguirmos manter a nossa vontade aberta, abandonando aquilo que não é essencial para abrir espaço para o novo, seremos capazes de vivenciar experiências que nos elevem a uma nova condição como seres humanos.

Partindo desse princípio, me vi cercada por um assunto tão polêmico e transformador e comecei a me perguntar:


  • O que posso aprender com este futuro que emerge à minha frente?

  • O que posso fazer diferente do que tenho feito hoje?

  • Como posso otimizar o meu tempo?

  • Como posso ampliar o meu conhecimento sobre temas que já conheço?

  • Como posso conhecer outras formas de ver o mundo?


Motivada por estas perguntas, decidi me inscrever num workshop cujo título é “AI for personal productivity”, oferecido gratuitamente pela Section School.

Veja, talvez para quem está imerso neste universo eu não traga nada muito revelador, mas para quem está como eu, começando a olhar para este tema, o conteúdo do workshop se mostrou estimulante.


Primeiro, tive a oportunidade de conhecer, concretamente, as possibilidades de uso da inteligência artificial no dia a dia pessoal e profissional de uma pessoa como eu. Ou seja, por meio de ferramentas como o ChatGPT (e outras, como o Claude, ainda não disponível no Brasil), pude entender quais recursos já estão acessíveis para melhorar a produtividade ou nos preparar melhor para nossas atividades diárias. 


E mais, para cada possibilidade de uso sugerido pela palestrante, ela mostrava um case que ela mesma tinha vivenciado. Super didático!


Além disto, a forma como a palestrante organizou o conteúdo foi bastante atraente. Ela apresentou as possibilidades de uso da inteligência artificial a partir de 3 personas: “Assistente”, “Criador” e “Estrategista”. Para alguém visual, como eu, isto é música para os ouvidos.


A persona Assistente


Usar a inteligência artificial como sua assistente é usá-la para gerenciar e organizar seus compromissos, fazer resumos, revisar e sugerir correções gramaticais em textos, te ajudar a se preparar para uma reunião, pesquisando sobre a empresa ou o assunto que será abordado. Ou então, preparar o menu da semana, já considerando as restrições alimentares ou os objetivos que você possa almejar no que tange a sua nutrição.


Sem saber que eu estava recorrendo a persona “Assistente” do ChatGPT, no final do ano passado eu acabei pedindo uma sugestão inicial de roteiro para o destino que meu marido e eu escolhemos para o Réveillon. A partir desta sugestão, pude criticar melhor o roteiro que a agência estava me sugerindo, pedir para incluir lugares que me pareceram imperdíveis e por aí vai.


A persona Criador


Você sabia que pode pedir sugestões de receitas ou menus a partir de uma foto do que você tem na sua geladeira?


Ou pedir sugestões de plantas que fiquem bem num determinado espaço, a partir dos critérios de luminosidade ou horas de sol?


Pois bem, confesso que esses usos ainda não tinham me ocorrido. Acho que o que estava mais no meu radar era utilizar o ChatGPT para iniciar o esboço de um artigo (este aqui ainda foi escrito à moda antiga), ou criar conteúdo para as redes sociais, como sinopses de filmes e livros, se a sua área é entretenimento. Até mesmo escrever o descritivo de uma posição que você esteja contratando, ou elaborar o briefing de comunicação de algum produto que você vá lançar.


A persona Estrategista


Agora, a persona “Estrategista” foi a mais instigante.


A sugestão de uso começou com aspectos mais intuitivos, como refinar seu currículo a partir de uma posição que você está concorrendo. Exemplificando, você informa a descrição da posição, sobe as informações do seu currículo e pede para o ChatGPT sugerir melhorias que enfatizem conquistas e habilidades valorizadas na nova posição.


Na mesma linha, é possível subir uma apresentação que você irá fazer para o corpo de diretores e pedir que a ferramenta aponte sugestões de melhorias e pontos que não podem ser deixados de lado em sua fala.


No entanto, o que mais me impressionou foi este exemplo: você pode usar a ferramenta para simular um role play, ou seja, a ferramenta vai desempenhar o papel de alguém, numa situação que você está prestes a vivenciar.


Você dará o máximo de características possíveis do interlocutor em questão (traços de personalidade, posição que ocupa na organização ou relação que esta pessoa tem com você), além de informações sobre o assunto em si e à medida que você for trazendo os seus pontos e argumentos, a ferramenta irá interagir com você, te fazendo perguntas que serão oportunidades de melhoria no seu discurso. E até te mostrando aspectos que talvez você ainda não tenha pensado.


É importante mencionar que essas funcionalidades mais avançadas estão disponíveis na versão paga do ChatGPT. Essa versão permite o upload de vários arquivos para análise e possibilita que a ferramenta gere novos arquivos (por exemplo, em Word, Excel ou PowerPoint) com base nas informações resultantes da análise solicitada.


Importante dizer também que para tudo isso funcionar bem é necessário atentar-se para duas coisas: Primeiro, você precisa saber pedir. Contextualize do que se trata, dê comandos claros do que você gostaria que fosse feito, vá por etapas. Caso contrário, o resultado da sua pesquisa será tão confuso e errático quando a sua orientação. E, segundo, saiba criticar o que está vindo, faça perguntas que chequem a consistência da sugestão. Não aceite de primeira o que você está recebendo ou você correrá o risco de comprometer sua credibilidade, na busca por maior produtividade.


A Importância do "Letramento em Futuro" e a Educação para a Era da Inteligência Artificial


Ainda motivada pelas perguntas lá do início do meu texto e não por coincidência, na mesma época que fiz este workshop saiu uma matéria no Meio & Mensagem, plataforma referência em conteúdos de marketing de comunicação, que falava justamente sobre o medo e o entusiasmo que rondam as perspectivas criadas pela GenAI (esta era inclusive a chamada principal).


Foram mais de 10 páginas transcorrendo sobre o assunto, entrevistando pessoas e trazendo preocupações, possibilidades e ações que já estão em teste ou em prática nas agências, nas empresas, na vida de quem está dentro das organizações.


Ou seja, se a inteligência artificial é uma realidade, as empresas precisarão de pessoas capazes de usá-las.

A pesquisadora Martha Gabriel, uma das entrevistadas nesta super matéria, formada em engenharia e pós-graduada em marketing e design, defende que toda a cadeia educacional, desde o início, deverá considerar o “letramento em futuro”, ou seja, saber avaliar possíveis cenários, sejam bons ou ruins, e se preparar para ambos. Segundo ela, vivemos a maior revolução cognitiva da história.


Em resposta a uma pergunta feita nesta entrevista, ela disse: “Até o final do século passado, educação era aprender o que deu certo no passado e repetir. Com o Google, e outros buscadores, o paradigma passou de respondedor a pesquisador. Agora, tem que ser de perguntador a ampliar universos. O questionamento tem várias etapas: saber o que se quer de resposta ao fazer uma pergunta; a forma, o respeito pelo outro, senão, em vez de elevar o patamar de pensamento e a colaboração, cria resistência e disputa; e envolve argumentação, lógica e retórica, que não aprendemos na escola. E repertório é fundamental; conhecer vieses cognitivos, valores humanos, ética no dia a dia! Essa educação é que tinha de começar com os pequenininhos, para interagir com estas tecnologias.”


Tenho que dizer que precisei ler várias vezes a resposta da Martha para compreender toda a riqueza do que ela estava compartilhando. Também pelo fato da sua fala ter sido transcrita de forma fluída pelo jornalista, como deve ter sido no momento da entrevista e que eu tomei o cuidado de reproduzir exatamente como foi publicado.


Olhando para a foto dela e lendo sua resposta uma, duas, três vezes, pude quase vê-la na minha frente, como se nós duas estivéssemos conversando. E foi então que trouxe o entendimento para as minhas próprias palavras.


Se podemos fazer uso da inteligência artificial para nos prepararmos melhor para situações pessoais ou profissionais, para aprofundarmos nosso conhecimento sobre algo, para comermos melhor, para sermos mais produtivos, teremos então mais.... tempo. Essencialmente tempo para nos tornarmos mais humanos!

Martha Gabriel tem uma frase que diz “Se você não quer ser substituído por um robô, não seja um robô". Pois esta é justamente a nossa oportunidade: sermos protagonistas do nosso processo de autodesenvolvimento, sabendo identificar as habilidades relacionais e soft skills que permitirão nos expressarmos e nos conectarmos com o outro de maneira mais assertiva, mais autêntica e honesta.


Seria utópico pensar que por conta da tecnologia deixaríamos de nos relacionar, de perguntar, criticar, criar e co-construir. Foquemos nosso tempo no que é realmente importante e que as máquinas nunca poderão fazer por nós.


Finalizo, então, voltando para os meus questionamentos iniciais e concluo que estou apenas no início desta jornada rumo ao aprendizado. Não apenas a jornada de me alfabetizar nas inúmeras possibilidades que a inteligência artificial trará para a minha vida, mas acima de tudo, ter a capacidade de manter minha mente, meu coração e minha vontade abertas para tudo o que vem por aí, me tornando cada vez mais humana.


Para saber mais:


Para começar, uma dica de leitura. Em linha com o que a pesquisadora Martha Gabriel disse sobre “letramento em futuros”, leia o livro “Sincronicidade: O caminho interior para a liderança”, de Joseph Jaworski. Ao ler a entrevista dela não pude deixar de lembrar do que este autor nos convida a refletir.


Para ler o relatório na íntegra do estudo conduzido pela Organização Internacional do Trabalho, clique neste link. Só um detalhe, apesar da página estar em português, o PDF do estudo está em inglês:


Para fazer o download do relatório da Gartner “HR Toolkit: 9 Future of Work Trends for 2024” clique no link, coloque o seu e-mail e pronto!


Se ficou com vontade de dar uma olhada nos cursos e workshops oferecidos pela Section School, acesse: www.sectionschool.com 


A matéria do Meio & Mensagem a que me referi acima foi publicada na edição 2092 do jornal impresso. Mas se ficou com vontade de conhecer mais sobre a plataforma, acesse: www.meioemesagem.com.br


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por Valeska Scartezini

Coach, mediadora de conflitos e membro da Eight. Valeska é uma aquariana comunicativa, que está dando os primeiros passos na alfabetização digital, rumo ao futuro que emerge. Acredita que o autoconhecimento é a grande chave de transformação, já andou pelo mundo do marketing e agora está descobrindo profissionalmente o universo do desenvolvimento humano.

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