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  • Foto do escritorFernanda Abrantes

Um vírus com um super poder... o de nos fazer mais humanos

Atualizado: 3 de abr.


Foto de geralt

“Todas as pessoas estão presas numa mesma teia inescapável de mutualidades, entrelaçadas num único tecido do destino.

O que quer que afete um diretamente, afeta a todos indiretamente. Eu nunca posso ser o que deveria ser até que você seja o que deve ser. E você nunca poderá ser o que deve ser até que eu seja o que devo ser.”

Martin Luther King

Procuro manter minha imunidade boa sendo uma pessoa positiva na vida. Prefiro adotar uma postura consciente e apreciativa das coisas ao invés de julgar impulsivamente. Medito e me distancio dos fenômenos para conseguir compreendê-los numa perspectiva mais elevada. Só assim entendo que terei a calma e a tranquilidade necessárias para lidar com as consequências do que acontece com a minha vida e com o mundo nesse momento.

Não quero diminuir a dor e a desgraça de tudo o que está acontecendo em virtude da pandemia do Coronavírus. É muito cruel ver tantas pessoas de uma hora para outra partindo para outro plano, outras sofrendo em hospitais no mundo inteiro, profissionais da saúde se desdobrando para atender tanta gente doente, pessoas isoladas em casa sem poder levar uma vida normal e algumas até desenvolvendo um quadro de depressão. Isso sem falar no impacto monumental na economia, nosso dinheiro derretendo, nossas entradas cessando de repente. Como vou sobreviver? Como vou pagar as contas no final do mês? É realmente enlouquecedor se não olharmos com os olhos da espiritualidade e o que isso tudo pode significar para a humanidade.

Se na vida tudo tem dois lados, gostaria de oferecer minha perspectiva positiva sobre o que está acontecendo. É o que eu acredito profundamente, que tudo tem o lado luz e o lado sombra. Prefiro aqui falar sobre a luz dessa história toda e como isso me toca.

O mundo acabou. Ponto final. Sim, o mundo tal como o conhecíamos morreu. Nunca mais seremos as mesmas pessoas depois dessa pandemia inimaginável. Impossível não olhar para a vida com outros olhos e entendermos que estamos todos, todinhos, a humanidade inteira no mesmo barco! Presos em nossas próprias casas, privados da nossa vida normal nos perguntamos... pra que tanta pressa? Cadê a urgência toda que me acompanhava no meu dia a dia? Cadê meu trabalho? Cadê meus clientes? Cadê meu dinheiro? Cadê meus planos de final de semana, de férias? Cadê meu encontro com os amigos? Cadê meu esporte? Cadê? Cadê? Cadê? Nessa hora lembramos da profética música de Raul Seixas, “o dia em que a Terra parou”... parece que o cara sabia das coisas.

Sim, paramos. A parada foi abrupta e forçada. O que nos resta nesse momento é olharmos pra dentro, nos reconectarmos com nós mesmos, com nossa família, com nossos entes queridos, com nossa casa, com o simples da vida, com o prosaico. O que comeremos no almoço? Essa passa a ser uma preocupação maior do que a reunião de budget na empresa que terá que esperar, pois as crianças têm fome, precisam comer e alguém tem que preparar o almoço. Quem irá cozinhar? Eu não sei cozinhar! Olha que excelente oportunidade para aprender novas habilidades! Ninguém disse que você precisa ser o Alex Atala para conseguir fazer uma carne moída básica com batatinha e arroz. Por que não experimentar? As panelas não dão choque!

A conexão com a nossa casa nos faz um bem danado. É nosso ninho, nosso templo, nosso espaço sagrado que recarrega as nossas baterias. Cuidar dela pode ser terapêutico. Agora temos tempo! Por que não distribuir tarefas em casa se temos habilidade de gerenciar projetos complexos na empresa? Porque não aproveitar para finalmente arrumar aquela baguncinha nos armários que nos incomodava há tempos? Que ótima chance para colocar nosso templo em ordem e dar bom exemplo de colaboração para as crianças. E a sensação ao fazer isso é de uma grande reorganização interna, um realinhamento energético que nos deixará melhores quando tudo voltar ao normal.

E a nossa grande casa também estará melhor depois que isso tudo passar. Ouvi dizer que os peixes voltaram aos canais de Veneza, que o ar da China está mais puro do que nunca, que os pássaros voltaram aos céus de não sei onde. Pessoas e organizações estão oferencendo serviços on line gratuitos. Famílias inteiras se conectando e aprendendo com o uso da tecnologia. A ciência se mostrou mega avançada e sequenciou o genoma do vírus da Covid-19 em tempo recorde (o da Aids levou 2 anos!). Palestinos e Israelenses se uniram em iniciativas de combate à doença, um gesto muito simbólico e com muitos significados. A proposta de renda básica universal ganhou força para ser debatida, podendo tornar o mundo um lugar mais justo e fraterno sem pessoas sofrendo para ter suas necessidades de sobrevivência atendidas. A política global e as relações internacionais não serão mais as mesmas.

As pessoas viram a morte de perto e perceberam que não somos invencíveis. Estamos mais solidários do que nunca uns com os outros, mais conscientes, altruístas e menos egocentrados. O vírus foi democrático, atacou todo mundo, estraçalhou as nossas diferenças e nos ensinou uma lição fundamental que há muito tempo relutávamos em aprender: somos todos da mesma raça humana, meros seres falíveis e mortais.

E a Terra começou a se curar. Que vírus poderoso!

Fernanda Abrantes é Coach e Facilitadora de diálogos transformadores. Acredita no poder da colaboração, é entusiasta do modelo de trabalho em rede e está animada para viver essa nova era da humanidade.

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