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  • Foto do escritorKarina

Por uma mãe mais humana e menos heroína

Atualizado: 4 de abr.


O feliz dia das mães está chegando ao fim…Pois bem, resolvi contar para vocês o que significa para mim um feliz dia das mães!

Um belo dia estava me arrumando para ir trabalhar e meu filho mais velho, na época com 3 ou 4 anos, me observava em silêncio e de repente resolveu quebrá- lo com o seguinte anúncio: “- Mamãe, eu gosto mais do meu pai do que de você!” Eu ainda chocada com a revelação, mas usando de toda a psicologia estudada na faculdade respondi racionalmente: “- Filho, que bom que você consegue expressar seus sentimentos.”

Parabéns, Karina! Você foi uma excelente psicóloga, mas possivelmente uma péssima mãe! Mal sabia eu que acabara de reforçar um comportamento dele do qual eu, como mãe, fiquei confusa! Mas para sobreviver a tamanho sentimento de culpa e perda, a psicóloga e mulher madura, sem neuroses, falou mais alto. E foi assim, que a partir deste dia ele passou a falar abertamente dessa predileção. E eu muito mais psicóloga do que mãe, simulava compreender seus sentimentos e suas escolhas.

O tempo passou e eu continuava me desdobrando entre trabalho, cuidado da casa, dos filhos, do casamento, do corpo, da unha, da depilação e da terapia para suportar tamanha pressão dessa simples rotina diária. Ah! E sem falar, que ainda tinha que carregar a culpa de ter um filho que gosta mais do pai!

Porém, mesmo com tanta terapia, o meu organismo reagiu, fiquei doente. Sim, assumo! Quantas vezes torci para chegar em casa com meu filho dormindo, afinal estava exausta? Quantas vezes coloquei ele para dormir e dormi antes dele? Quantas vezes gritei irritada, só porque ele estava elétrico e emocionado de ter a mãe por perto? Eu colocava boa parte da minha energia no trabalho.

Para tudo! Chegou a hora de escolher as prioridades da vida. E por uma questão de sobrevivência escolhi cuidar de mim, somente de mim…nem filhos, nem marido, muito menos trabalho.

O organismo começou a responder bem ao tratamento e agora sim, consegui seguir resignificando as prioridades…meus filhos, meu marido, minha família e amigos.

Depois disso o organismo ficou curado e equilibrado, e aí sim veio o trabalho. Ele veio na medida que ele merece, ou melhor, que eu quero que ele mereça. O trabalho veio no modelo de propósito, com outro sentido.

E finalmente quando encontrei o equilíbrio das prioridades, um dia quando estava meditando, meu filho se aproximou silenciosamente e sussurrou no meu ouvido: “- Mamãe, eu te amo! Eu te amo igual eu amo o papai.” Cheguei a achar que era um estado de alfa, mas senti o calorzinho do seu corpo. Abri os olhos e segurando minha emoção para não chorar e espantá-lo, respondi “- Meu amor, eu também te amo, te amo muito…amo você do tamanho do mundo!” E começamos uma brincadeira de quem amava mais e juntos construímos um amor infinito!

Talvez meu filho sempre tenha me amado, tanto quanto ama o pai, talvez tenha sido apenas uma forma dele tentar chamar a atenção, talvez eu tivesse que passar por algumas situações na vida para reavaliação dos meus valores, talvez eu precisasse dizer o quanto eu o amava, talvez eu precisasse de um tempo para me amar mais…serão muitos “talvez” e apenas uma certeza! O meu feliz dia das mães já aconteceu, foi no dia que consegui parir meu filho pela segunda vez e ressignificar a relação de mãe e filho! Ganhei de presente do meu filho uma nova mãe com uma força infinita de amá-lo. Por isso, não acho que o feliz dia das mães está chegando ao fim. Todos os dias podemos ressignificar os nossos valores, as nossas prioridades e os nossos amores. Desejo então, feliz VIDA das mães!

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