Quando penso em arte, tenho em mente duas imagens, a primeira que a arte é um espelho que reflete a história e a segunda, uma ponte entre a subjetividade e a criatividade humana.
Na Grécia antiga, a imagem criada era das musas, as quais eram vistas como as guardiãs da criatividade e inspiração, representando o elo entre os deuses e os mortais na criação artística.
Calíope, musa da poesia épica, especialmente, simbolizava o poder da palavra em moldar narrativas que atravessam o tempo, despertando emoção e reflexão.
Como musa da poesia épica, Calíope era invocada para inspirar a transmissão das histórias. A musa que transformava a sabedoria em palavra.
Entre todas as manifestações artísticas, a literatura ocupa um lugar especial para mim. Ela me inspira a criar mundos que me fazem projetar sonhos, angústias e desejos através de seus personagens. É por meio das palavras que viajo e conheço diferentes épocas, vivo outras realidades e encontro novas formas de compreender o mundo e me conhecer um pouco mais.
A literatura me ajuda a interpretar a vida de uma maneira mais poética, revelando virtudes e complexidades.
Neste artigo escrito especialmente para a newsletter de novembro da Eight, a qual fala sobre a arte como ferramenta de desenvolvimento humano, indico alguns dos livros que mais me marcaram ao longo deste ano e que exploram a condição humana e os caminhos para a transformação, tanto pessoal quanto social:
1. A Morte de Ivan Ilitch, de Liev Tolstói (Editora 34)
Essa leitura me fez confrontar questões essenciais sobre o sentido da vida e o que realmente importa. A introspecção é inevitável nessa história. Um livro para ler e reler de tempos em tempos e que apesar de ter um título com um grande spoiler me surpreendeu do início ao fim.
2. Violeta, de Isabel Allende (Editora Paralela)
Violeta me cativou desde as primeiras páginas. Narrado com muita sensibilidade, o romance traz a personagem Violeta e a história do Chile ao longo de 100 anos. A protagonista me fez refletir sobre resiliência diante de perdas, a força do amor e as escolhas que moldam a nossa trajetória. A importância dos recomeços foi o que mais me marcou.
3. Vá aonde seu coração mandar, de Susanna Tamaro (Editora Record)
Essa obra me tocou profundamente por sua simplicidade e profundidade emocional. Narrada como uma longa carta, ela me fez pensar sobre a relação entre gerações e como nossos conflitos internos e as expectativas externas muitas vezes moldam nossas decisões.
4. O Lugar, de Annie Ernaux (Editora Fósforo)
Livro autobiográfico, que narra a relação com seu pai, explorando as diferenças de classe, gerações e perspectivas de vida. Explora o peso do passado, experiências e relações nas escolhas que fazemos conscientes ou inconscientes.
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Essas histórias exemplificam como a literatura é capaz de dialogar com nossos processos internos e nos inspirar a crescer, reparar, perdoar e fazer diferente.
"A arte não reproduz o que vemos; ela nos faz ver."
Aristóteles
Que possamos continuar enxergando e nos transformando através da literatura.
Michele Crevelaro
Psicóloga e Facilitadora de diálogos
Na busca contínua por um viver coerente.
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