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Redes Colaborativas | A experiência Eight

Atualizado: 8 de abr.


Nossa 1a reunião de 2020, em fevereiro.

A Eight nasceu em 2015 da vontade de 8 participantes da Escola de Coaches do Instituto Ecosocial, inclusive eu, de nos apoiarmos mutuamente em nossas jornadas como novos profissionais de Coaching do mercado. Evoluímos em nosso propósito, saindo de uma rede apenas de Coaches, para uma rede de Coaches e Facilitadores de processos de transformação individual, de grupos, de organizações e porque não dizer, do mundo em que atuamos. Alguns membros saíram, novos membros entraram e nosso faturamento vem crescendo dois dígitos por ano, mesmo sem metas quantitativas de crescimento.

Olhando assim, parece que foi fácil. Parece que não temos ou nunca tivemos conflitos entre nós. Na verdade, estruturar e manter a chama viva de uma rede sem hierarquia e sem um acionista que nos cobre resultados financeiros exige bastante esforço. Por isso, decidi compartilhar nossa experiência.

“Todas as pessoas estão presas numa mesma teia inescapável de mutualidades, entrelaçadas num único tecido do destino.

O que quer que afete um diretamente, afeta a todos indiretamente. Eu nunca posso ser o que deveria ser até que você seja o que deve ser. E você nunca poderá ser o que deve ser até eu seja o que devo ser.”

Martin Luther King

Para começar, é fundamental construir dois pilares básicos:

1) Propósito claro e evolutivo: é mandatório entender por que queremos desenvolver a rede, definindo o propósito de forma participativa, de modo que cada membro se identifique profundamente com a causa. Porém, ao mesmo tempo, precisamos exercitar o não apego ao propósito inicial, porque ele evolui à medida em que:

  • Descobrimos ou desenvolvemos novos talentos;

  • Incluímos novos membros; e

  • Estamos dispostos a nos adaptar às necessidades do mundo em constante mudança.

2) Confiança: não é possível estabelecer conexão entre pessoas e colaborar sem confiar. A origem da palavra confiar é o ato de fiar juntos. Na Eight, valorizamos:

  • O cuidado uns com os outros;

  • O respeito ao momento de cada um e à decisão quanto ao nível de dedicação à rede, o que não torna um membro mais ou menos importante;

  • A transparência na forma que compartilhamos honorários, reservando uma parcela para reinvestir na própria rede e estabelecemos regras claras para remunerar os membros de acordo com o papel assumido em cada projeto.

Entendemos que esses dois pilares são a base para o desenvolvimento de uma rede colaborativa. Porém, não são suficientes. Logo no início, percebemos que precisávamos nos organizar de modo que a operação do negócio fosse leve, sólida e sustentável. Então, definimos nossa governança e criamos os círculos de suporte ao negócio: pequenos times que tocam as atividades de finanças, marketing, comunicação, bases de conhecimento e desenvolvimento de produtos. Implementamos um modelo de autogestão, com um foco em papéis e responsabilidades claros, que podem ser assumidos por qualquer membro da rede. Para acompanhar a evolução do negócio realizamos reuniões online e presenciais, fundamentais para manter uma forte conexão, criar senso de pertencimento e trocar experiências, num processo de aprendizagem contínua.

Para entender o nosso jeitão de atuar no mundo (nossa cultura) e como é possível ter resultados tão expressivos com um nível tão alto de autonomia, vou apresentar uma visão bem simples da Universidade de Stanford sobre os tipos de cultura que as organizações podem apresentar:

A figura acima mostra que, quando operamos com muita autonomia, precisamos de um alto nível de alinhamento. É dessa forma, que se torna possível desenvolver inovação e vivenciar uma cultura de colaboração. Quando existe na organização um nível alto de autonomia com baixo nível de alinhamento, os membros tendem a ir para direções diferentes e não alinhadas, gerando uma cultura caótica. Em organizações com baixo nível de autonomia e com o alinhamento efetuado diretamente pela liderança (‘top down’), vivemos um ambiente de comando e controle e uma cultura de conformismo. E por último, se existe pouca autonomia e baixo nível de alinhamento, as pessoas ficam míopes em relação ao propósito e as estratégias e fazem apenas o que é solicitado, gerando uma cultura indiferente.

A Eight∞ é uma organização inovadora, com cultura colaborativa. Lembrando que para o sucesso de uma rede é crucial que o propósito seja de todos e que os alinhamentos ocorram de forma coordenada, com base em um forte comprometimento. Os papéis e responsabilidades precisam ser claros e específicos e as estratégias definidas de forma participativa.

Depois de apresentar os pilares e a estrutura da nossa rede, gostaria de concluir o texto falando sobre a nossa alma. A declaração: ‘Somos uma rede de afeto’, trazida por um dos nossos membros, foi a minha fonte de inspiração para escrever esse artigo. Talvez, esse seja o verdadeiro elo de sustentação da rede. Em última instância, afeto é a preocupação genuína com o que afeta o outro, o grupo, os clientes e parceiros e numa visão ecossistêmica, o mundo a nossa volta. É só com essa raiz profunda de afeto que nos mantemos motivados e íntegros, sendo capazes de nos mostrar vulneráveis uns pros outros. Temos o espaço para trazer nossos sentimentos à tona e a coragem de tratá-los. Ao entendermos tudo isso como amor, criamos o ambiente que possibilita um salto quântico, onde a vivência do processo passa a ser muito mais importante do que a antecipação de resultados. O resultado vem como uma consequência da nossa dedicação por promover a ampliação de consciência para construir um mundo mais colaborativo e humano, colocando nosso propósito em ação diariamente.

Renato Santos é cofundador da Eight, nasceu no Rio de Janeiro e sempre buscou aprender com as relações humanas, entender o presente e se conectar com futuros que deseja criar pra si e para o mundo.

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