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A nitidez nas escolhas

Atualizado: 8 de abr.


"A nitidez é uma conveniente distribuição de Luz e Sombra."

- Johann Goethe

Se buscarmos o significado de sombra, encontraremos que é uma região formada pela ausência parcial de luz, proporcionada pela existência de um obstáculo. Logo, para que haja sombra, é necessário também a luz.

Este conceito nos remete a dualidade humana, aquela que nos habita desde sempre, como seres imperfeitos que somos e com o livre arbítrio para fazermos nossas escolhas.

No cotidiano, deixamos nossas sombras junto com nossas conversas internas, ou seja, elas não ficam tão aparentes, no máximo saem por uma fresta que se abriu em um repentino e rápido descontrole ou fraqueza, pois é assim que encaramos nossas sombras. Rapidamente nos recompomos e guardamos esse outro lado lá no fundo, inclusive sem entende-las, afinal não queremos entrar em contato com aquilo que nos deixa vulnerável, certo? E as coisas vão ficando por lá, guardadas, empoeiradas...

Quando estamos em uma situação dentro de aspectos considerados normais, fazer escolhas passa por caminhos em que ponderações são levadas em conta, podemos escolher isso “e” também aquilo, podemos dizer que pensaremos mais antes de decidir. Ao ponderar sentimos se aquilo faz sentido e que a tomada de ação se alinha aos campos da emoção e razão.

Entretanto, quando somos colocados em situações que são geradoras de estresse, nossa forma de pensar se plastifica a um grau mais primitivo e toma conta do indivíduo uma necessidade de sobrevivência, já que o perigo é eminente. Essa forma de viver o mundo, abre espaço para as polarizações. As ponderações que antes tinham um caminho a percorrer entre o pensar, o sentir e o querer são colocadas de lado, pois não há tempo neste modo viver-morrer para tal elaboração antes de se tomar uma decisão.

Quando somos tomados por pensamentos polarizados, abrimos brecha para o pensar escasso. O momento de crise que vivemos e outros momentos de crise que você já deve ter vivenciado, em um primeiro momento nos leva ao pensamento de que falta algo, saúde, dinheiro, tempo, algo material ou não. O medo de não ter o suficiente face ao enfretamento de algo nunca vivido nos coloca obstáculos, e é neste lugar que deixamos que a nossa luz fique tênue, dando espaço para a emersão de nossas sombras.

As sombras estão aí dentro, a todo momento que fazemos escolhas. Quem, quando criança, já se sentiu, literalmente, perseguido pela própria sombra? Tentava fugir dela ou enganá-la, em um dia ensolarado em um parque, na praia, na rua... ninguém foge da própria sombra, ela faz parte do ser. Para deixarmos de ver a sombra, ou olhamos para uma luz que quase nos cega ou vamos para a escuridão total. Por essa razão, a frase inicial de Goethe nos traz a dimensão necessária dessa dualidade, precisamos internamente de luz e sombra para termos nitidez.

Quando escolhemos, conscientemente, percorrer o caminho interior, do autoconhecimento, este nos revela nosso lado luz e nosso lado sombra.

As sombras, se não bem conhecidas e elaboradas, nos levam ao caminho da escuridão, pois ao invés de serem exploradas e analisadas como obstáculos a serem superados, acabam dominando e enfraquecendo inconscientemente o indivíduo.

Escolher o caminho da autoconsciência, é escolher a liberdade de ser e agir por aquilo que somos, respeitando nossa integralidade como ser humano.

“... A maldição da humanidade era o fato de aqueles dois lados incongruentes estarem unidos – que no útero angustiado da consciência aqueles duplos polarizados tivessem que ficar continuamente lutando.”

Mary Shelly em “O médico e o monstro”

  • Quais são suas sombras que tornam quem você é?

  • Quais as forças que essas sombras te dão ou te tiram?

  • Que decisões você toma motivado pela sua sombra e não pela sua luz?

Michele Crevelaro é Psicóloga, Coach e Membro da Eight, apoia o desenvolvimento humano por meio da autoconsciência.

Sempre gostou de estar em contato com pessoas e escutar suas histórias de vida e acredita que todas as respostas estão dentro de nós. Em 2019, fez sua transição de carreira, abrindo novos horizontes profissionais em que pudesse impactar positivamente pessoas e organizações de uma outra perspectiva.

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