top of page
Foto do escritorRoberto Rotenberg

De expert em riscos para expert em gente - da carreira técnica financeira ao desenvolvimento humano

Por Roberto Rotenberg

É interessante pensar hoje como eu pouco me identificava com o que fiz durante muito tempo. Quando falo assim para pessoas que me conheceram nas diversas fases, sempre recebo um feedback de inflar o ego: “mas você fazia tudo muito bem! ” Algumas pessoas até me viam como uma referência no mercado. Eu ganhava bem, consegui formar uma invejável rede de relacionamentos, era um profissional respeitado e estável. Mas alguma coisa não combinava com a minha ideia de propósito. O que me empolgava? Relacionar-me com todos, conquistar a confiança e admiração daqueles que normalmente eram temidos ou até odiados. Lembro-me de diversas ocasiões em que me senti completamente realizado ao perceber que recebia mais atenção e que até tinha conquistado o olhar e parceria daquelas pessoas mais desafiadoras, sejam porque eram mais iradas ou até grosseiras. Não eram os projetos encerrados ou as minhas avaliações de desempenho que me emocionavam. Minha satisfação vinha do impacto que eu causava nas mais diversas pessoas e grupos das corporações onde trabalhei.


E isso só ficou mais nítido para mim nos últimos anos. Até então eu só percebia a angústia de sentir-me deslocado em um trabalho que em mim só provocava ansiedade, cansaço e vontade de livrar-me daquilo tudo o mais rápido possível.


Foi fazendo um assessment que recebi a primeira luz de que a encruzilhada tão esperada quanto temida se aproximava. Dentro de um grande grupo de executivos de uma área analítica e crítica, somente uma pessoa havia demonstrado uma predominância do emocional sobre o racional de forma acentuada: eu. Na devolutiva, recebi uma visão simplificada de como eu atuo: primeiro seduzo, depois me certifico que tenho todos ao meu lado, e somente no final é que analiso o cenário. Estranho este comportamento para quem trabalha em análise de riscos, não? Por outro lado, eu era o primeiro a captar o clima da organização.


Aquela descrição era incontestável dentro de mim e foi como se tirassem todas as minhas máscaras e cascas repentinamente ali, na frente do grupo todo. Inicialmente me senti vulnerável, fragilizado. Mas veio justamente dali a grande transformação em minha vida. Como que validado pelo assessment, passei a ser visto como referência no trato com os profissionais e na liderança em gestão de pessoas.


E a partir daí não parei mais. Houve até um momento em que contratei um professor de canto lírico para dar vazão a um talento que sempre tive para a música e a interpretação cênica. Mas a fortaleza estava em outro lugar, e meu desejo de ajudar na transformação das pessoas me levou ao Coaching com orientação antroposófica. Dali segui para a Mediação de Conflitos, para a Facilitação de Diálogos, e o propósito finalmente falou mais alto.


Posso dizer que nos últimos 10 anos em que trabalhei no meio corporativo, mesmo estando em cargos de áreas mais técnicas, meus maiores esforços sempre foram voltados a ajudar o maior número de profissionais possível a encontrar o seu melhor, a tornar suas equipes mais eficientes e felizes. Isso também me ajudava a ficar mais próximo do meu objetivo para esta nova fase de vida: o desenvolvimento humano.


Tudo isso também me permitiu descobrir o quanto era importante para mim fazer algo pelos grupos vulneráveis e esquecidos. Fui um dos fundadores do Programa Namoa, uma plataforma de ações que busca ajudar pessoas em estado de refúgio a resgatar sua identidade através do trabalho.


Hoje sou um facilitador na Eight Diálogos Transformadores, rede colaborativa que, como o nome diz com muita propriedade, busca transformar as pessoas através do diálogo.


Toda esta transformação foi feita a partir dos 50 anos, o que me faz crer que não há momento certo para mudar.

"Ninguém é jovem demais para buscar sua felicidade, e muito menos velho o suficiente para abandonar seus sonhos de vida."

Como diz com muita propriedade a Rita Lee, “Enquanto estou viva, cheia de graça, talvez ainda faça um monte de gente feliz...”. Eu completaria a Rita incluindo eu mesmo nesse monte de gente que ainda posso fazer feliz...


Roberto Rotenberg é Coach, Mediador Organizacional e Facilitador de Diálogos Transformadores, co-fundador do Programa NAMOA, tudo isto depois de mais de 30 anos de carreira no mercado financeiro. Apaixonado pela diversidade humana, põe intensidade em tudo o que possa provocar a inclusão de todos em busca de um mundo inovador e muito melhor.

0 visualização0 comentário

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
bottom of page