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Foto do escritorFernanda Abrantes

Mitos do Tempo | Kronos e Kairós

Atualizado: 8 de abr.



Cada civilização teve sua própria experiência com o tempo. Os gregos nos transmitiram essa experiência por meio do mito de Kronos e Kairós, os deuses do tempo.


Kronos é o deus do tempo quantificado, que se pode medir. É o tempo corrente, rotineiro, ordenado pelo relógio, onde um minuto é igual ao outro, onde às horas sucedem-se os dias e a estes os meses e os anos. Representado como um velho tirano e cheio de crueldade, Kronos controlava o tempo desde o nascimento até a morte. Ele ditava aos mortais o que deveria ser realizado. Do nome desse deus se deriva a palavra cronômetro que designa o instrumento para se medir o tempo. Portanto, quando falamos de Kronos estamos fazendo menção ao tempo cronológico, o do calendário.


No mito, Kronos emasculou o próprio pai com a intenção de se apoderar do mundo. Mais tarde, como Senhor do Tempo, ele devora seus próprios filhos para continuar soberano. Tal imagem nos sugere que o tempo cronológico passa sem que possamos detê-lo e que ele aniquila tudo o que produz. Nada dura para sempre no mundo, nada se pode conservar e a única permanência é a impermanência. Assim, tudo o que é conquistado no tempo Kronos não tem valor eterno.


Atualmente facilmente percebemos o quanto Kronos amedronta e impera, implacável. Muitos são escravizados por esse deus e acabam devorados por ele. Vivem sob o julgo das datas, dos prazos, da idade que avança impiedosamente, experimentando ascensões e declínios. Tentam dominar Kronos, mas acabam dominados por ele. Mais “mecanizados” buscam cumprir ritmos e metas para além da condição humana e invariavelmente se infelicitam e se desvitalizam.


Mas ao lado de Kronos está Kairós, o deus da oportunidade, do momento adequado, oportuno. Retratado como um jovem calvo com apenas um cacho de cabelos na testa, ele tinha uma agilidade sem igual, possuindo asas nos ombros e calcanhares. Kairós corria rapidamente e só era possível detê-lo agarrando-o pelos cabelos, encarando-o de frente. Porém, depois que ele passava, era impossível trazê-lo de volta. Devido à sua agilidade podia não ser percebido pelo observador desatento. Isso quer dizer que quando Kairós surge diante de cada um de nós como a ocasião adequada de fazer o que é certo na hora certa, devemos agarrar e trabalhar essa oportunidade - pois caso ela nos escape - não voltará. Dessa forma, precisamos nos tornar atentos observadores das oportunidades cotidianas.


Kairós é o tempo que não pertence a Kronos, portanto, não pode ser cronometrado. Ele simplesmente acontece, sem previsibilidade ou hora marcada. São aqueles momentos que se tornam únicos e eternos em nossa vida, mesmo que tenham sido breves. Um tempo interno e essencial que proporciona um profundo estado de presença e conexão, que deixa uma impressão forte e única para sempre, e que sustenta nossos passos na estrada existencial. É o tempo da experiência marcante. Em Kairós somos humanos, VIVEMOS e não apenas sobrevivemos! É o tempo que nutre a nossa alma e nos vitaliza!


Os gregos tinham convicção de que com Kairós podiam enfrentar Kronos. Ao vivermos em Kairós as oportunidades em nossa vida aumentam, pois não nos deixamos tiranizar por Kronos: temos conexão e consciência do momento presente, sem os fardos do passado ou a antecipação do futuro.


É fato que não podemos nos desvincular completamente de Kronos, afinal, o tempo cronológico organiza a vida, mas devemos buscar um equilíbrio entre Kronos e Kairós.


Perguntas essenciais:

· Nas Organizações, o quanto estamos nos deixando devorar por Kronos?

· Quais benefícios o tempo Kairós pode nos trazer para potencializar a conexão humana nas relações de trabalho?

· Em que momentos o tempo Kairós pode se fazer presente nas dinâmicas das Organizações?


Link para a narração no Spotify:

https://open.spotify.com/episode/2bMV93Qs8aFr0Bv2XXPdII?si=Ud5gq2GCTQ6Ceq3xn_TnBg


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