top of page
  • Foto do escritorChristine Bona

De Executiva Financeira à “Bicho-do-mato”, quando a transição de vida chega depois da de carreira

Atualizado: 24 de abr.



Quando fui convidada para contar neste artigo sobre meu processo de transição de vida e de carreira pensei comigo: “Puxa, já tenho três artigos lá no blog da Eight∞ contando desse processo”, mas imediatamente depois fui invadida por um outro pensamento: “Sim, você contou como foi sua transição de carreira, mas não de vida!”.


Foram 35 anos de carreira executiva sendo 32 deles em bancos de investimento internacionais, vividos intensamente e sem muitas perguntas interiores. Minha carreira mudou definitivamente há três anos, quando entrei para essa rede colaborativa linda, rede de afeto, que eu amo. Transição total de carreira feita. Mas como começou a transição de vida?


Há 38 anos atrás, muito jovem, tive minha primeira filha, Mariane, e, junto com ela, todas as angústias que a maternidade traz sobre como prover a melhor vida pra seus filhos. Minha infância foi cercada de natureza, nossas brincadeiras eram fazer guerra em poças de lama, castelos de areia, picula, catar caranguejo no mangue... Morando em São Paulo me parecia impossível proporcionar experiência semelhante para minha filha. Precisava buscar uma solução. Com o dinheiro curtíssimo, consegui comprar um terreno no meio da Mata Atlântica. Sem luz, sem água encanada, acesso por terra, mas rodeado de muita, muita natureza. A partir dali esse espaço passou a ser meu reduto sagrado, onde via meus filhos (quando Bruno chegou já tinha luz elétrica na casa) crescerem caçando girinos, vaga-lumes, tomando banho de rio... longe da selva de pedra e das pressões sociais e de consumo que fazem parte dela.


Cada vez que chegava na casa, depois de uma semana insana, recarregava minhas baterias. Não importava que demorasse para chegar ou que não tivesse conforto, cada vez mais a vontade de passar mais tempo lá aumentava. Mas parecia impossível. Minha carreira decolava com muitos desafios e benefícios que alimentavam minha necessidade de ser reconhecida e que também possibilitavam que eu mantivesse aquele paraíso escondido.

Com o passar do tempo, aquilo que era só uma vontade de não voltar para São Paulo se transformou num sonho de morar no meio do mato.

Sempre fazendo uma reforminha aqui, uma benfeitoria ali, a casa foi ficando aconchegante e os finais de semana sempre mais gostosos.


E aí chegou a transição de carreira. E eu, que trabalhava intensamente no mundo corporativo, passei a trabalhar intensa e apaixonadamente no mundo das pessoas. Não fiz sabático. Entrei em flow, sem ver o tempo passar, assumi muitos projetos, atendimentos, com um desejo imenso de servir ao mundo, aberta a todas as possibilidades. Nos finais de semana (que ficaram mais largos), lá estava eu, no meio do mato, fazendo minhas caminhadas. Completamente realizada no trabalho, comecei a me pegar chorando às segundas à noite, quando tinha que voltar para São Paulo.

Transicionar apenas de carreira não era suficiente pra me fazer feliz. Eu precisava tomar coragem e mudar de vez.

No final de 2019, conversei com meu marido e fechei para balanço. Decidimos juntos que iríamos vender o apartamento de São Paulo e mudar definitivamente. Daí veio a pandemia e junto com ela a possibilidade de eu realizar meu sonho, mantendo o trabalho que tanto amo ativo. Minha vida agora é tudo o que sonhei: acordo no meio da natureza, mexo no jardim, ando no mato. Hoje fico feliz quando entro no carro para ir à São Paulo, essencialmente para matar as saudades dos meus filhos.

Christine Bona é Coach e Membro da Eight. Agente de Transformação Cultural. Buscando sempre o novo para apoiar pessoas na descoberta e construção do caminho em direção ao seu propósito. Finalizou sua transição de carreira em julho de 2018.


Leia outros artigos da Chris sobre o assunto:


1 visualização0 comentário

コメント

5つ星のうち0と評価されています。
まだ評価がありません

評価を追加
bottom of page