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"Papai, você é meu amigo?"

Atualizado: 8 de abr.

 

- "Papai, você é meu amigo?"

Sem pestanejar, eu respondi, de forma muito direta:

- "Sou mais do que isso, filha: eu sou o seu Papai!"

Ela abriu um enorme sorriso e me deu um apertado abraço.

 

Conheça um pouco da história do Bruno, cliente da EIGHT∞, casado com a Cecilia e pai da Marcela.

P: O que te fez procurar sobre a Parentalidade Positiva?

R: Tenho a oportunidade única de passar bastante tempo com a minha filha. Trabalho de casa em uma parcela relevante do tempo e, quando estou disponível para ela, procuro estar disponível de verdade: como pai e responsável pela sua educação em diversos aspectos, mas também como alguém que pode brincar com ela e entrar nas suas fantasias (coisa que eu acho uma delícia, por sinal), aprendendo com ela, junto com ela e também ensinando! Se eu tenho tanto tempo com ela, quero que ele seja o melhor possível, em termos de qualidade e conteúdo, inclusive para prepará-la para os momentos futuros em que ela quererá, de forma natural, menos tempo comigo. Foi daí que veio a minha curiosidade pelo conceito.

P: Que mudanças você reconhece no modelo de educação dos filhos atualmente?

R: Eu nasci em 1977, e cresci numa época em que todas as brincadeiras eram físicas e com base na nossa imaginação e inventividade. A rua era um local menos "assustador" do que é hoje. O mundo digital era uma realidade longínqua. Ainda assim, quando esse mundo digital chegou para mim, ele nunca foi mais interessante ou importante que o mundo real. Hoje, é possível ver gente passando horas com seus filhos sem lhes dirigir a palavra uma única vez: a criança fica grudada no iPad enquanto a mãe ou pai ficam tratando de sua vida no celular... o nível de presença é ZERO! Entretanto, numa outra linha, vejo cada vez mais pais demonstrando interesse real na educação dos filhos, o que é um movimento que me deixa otimista. O colateral que deriva dessa retomada do interesse é uma possível super-proteção e a desvalorização dos efeitos da frustração na construção do caráter das crianças (a tal "síndrome do Imperador"). Meu Pai chamava seu pai de "senhor". Eu tinha uma espécie de "temor saudável" das broncas do meu pai, que sempre foi um cara muito afetuoso, correto, e alguém por quem eu tenho grande admiração, respeito, amizade e amor. As crianças de hoje pensam (ou são levadas a entender) que os pais estão ali para servi-las e serem vetores da sua satisfação, e isso é bastante perigoso. Quando era menor, uma vez a minha filha me perguntou: "Papai, você é meu amigo?". Sem pestanejar, eu lhe respondi, de forma muito direta: "Sou mais do que isso, filha: eu sou o seu Papai!". Ela abriu um enorme sorriso e me deu um apertado abraço.

P: Quais os maiores desafios da paternidade na sua visão?

R: Quando minha filha foi batizada, o padre me perguntou: "Bruno, o que você deseja para a sua filha, no futuro?". Eu respondi: "Que ele saiba a diferença entre o certo e o errado, que saiba pensar por si só e que procure a sua felicidade. E, claro, que ela saiba que eu e sua mãe vamos estar sempre do lado dela, para tudo o que ela precisar". Nesse sentido, criar essa autonomia, segurança e autoestima é algo fundamental. Saber se preservar e cuidar bem de si e da sua "imagem" (coisa essencial nesse mundo de redes sociais), entender as consequências dos seus atos - nela e nos outros... são muitos desafios! Eu hoje me considero uma espécie de "guardião da infância" da minha filha, porque vejo muitas crianças perdendo a infância muito precocemente. Eu quero que ele seja criança enquanto quiser e puder, que saiba fazer o que lhe dá prazer sem se importar com o alheio, que saiba diferenciar aquilo que realmente importa do que é superficial, reles, etc. O mundo virtual é um desafio enorme, e é uma realidade inevitável, mas eu acho que a vida deve ser vivida muito mais num mundo 3D, de carne e osso, do que no universo digital. Um outro grande desafio é o estímulo ao diálogo, que é um trabalho que tem que começar muito cedo, através do exemplo, porque mais para frente fica muito difícil de recuperar... E, além disso, a contemplação: as crianças de hoje não se dão ao direito de contemplar! É tanta coisa para se fazer que tudo se mede em bases quantitativas, e não qualitativas! É a quantidade de amigos nas redes sociais, e não a qualidade das amizades... é o número de beijos que se dá numa balada, e não e quão gostoso foi aquele beijo... é a quantidade de vezes que se foi para a Disney, e não a viagem gostosa que se fez com a família (na Disney ou sei lá em qual outro lugar). É o tal do FOMO (Fear Of Missing Out) em oposição à presença.

P: Se sua filha te descrevesse em três palavras, quais seriam?

R: Ela costuma me chamar de "amorzinho", diz que eu e sua mãe somos os "melhores papai e mamãe do mundo", mas se alguém perguntasse a ela o que ela mais gosta no Papai, ela diria que (1) ele gosta de brincar, (2) ele sempre cumpre o que promete e (3) ele é muito carinhoso.

P: E quais são as suas três palavras que melhor te descrevem como pai?

R: Consistência, presença (no momento, sabe?) e (muito) amor & paciência - em duplinha, mesmo, estilo Hall & Oates, Chitãozinho & Xororó, etc.

P: Que tipo de conexão você gostaria de ter com a sua filha quando não houver mais uma relação de dependência física, emocional e financeira com você?

R: Eu queria que ela tivesse vontade de estar com os pais, como eu tenho de estar com os meus. Que ela valorize a família, como eu sei que ela já valoriza. Que ela queira, e saiba que pode, conversar comigo e com sua mãe sobre tudo o que quiser! Eu gosto de correr e fazer exercícios, sempre gostei, e as vezes me imagino correndo com a minha filha no fim de semana, em um dia de Sol, enquanto conversamos sobre as nossas vidas, ambições, desejos, trabalhos, amigos, política, bobagens e tudo o mais. Eu quero que minha filha não seja uma estranha, ou que não sinta que família é uma obrigação, mas sim um presente!

Entrevista concedida em agosto de 2019 para a coach Cristiane Vicchiato.

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