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Transição de carreira: A preparação

Atualizado: 8 de abr.


Depois que fui capaz de reconhecer que tinha habilidades suficientes para encarar uma nova carreira, meu impulso seguinte foi me preparar para isso. Afinal, se eu tinha conseguido um dia chegar onde cheguei na minha carreira executiva foi porque estudei muito e procurei sempre saber tudo o que era necessário para me sentir confortável nas tomadas de decisão. Agora me sentia diante de um enorme cartaz em branco, tudo para ainda ser escrito!

Então acionei as rotas já conhecidas para tomar decisões no trabalho e comecei a fazer as escolhas de como me preparar para o novo desafio. Consciente do quanto gostava de conversas bilaterais e de estar com pessoas, fui escolher uma escola de formação de coaches, curso longo, muito auto conhecimento, seguindo todos critérios de qualidade internacionalmente estabelecidos. Curso escolhido! Fui toda feliz contar para minha terapeuta: “Escolhi o curso, tem minha cara, tudo que preciso agora, me conhecer e aprender! ”, ela então retrucou, “Mas, Chris, não foi esse curso que falamos faz uns cinco anos e você disse que não era para você?”. Imediatamente pensei, não pode ser...mas sim... era o mesmo curso.

Essa experiência me ensinou muito sobre mim e sobre transição: nós não enxergamos muitas coisas (muitas mesmo) quando não estamos prontos para receber a mudança dentro da gente. Mas, o maior impacto mesmo, foi descobrir que certamente durante toda a minha vida os meus olhos estavam fechados para muitas oportunidades, não necessariamente relacionadas ao trabalho em si. Foram dias de reflexão, chorei muito e combinei comigo mesma que a partir daquele dia me manteria sempre aberta para ouvir o que vinha do mundo. Sentia uma necessidade enorme de aprender.

Participava de tudo que a minha intensa agenda corporativa me permitia... palestras à noite, cursos de final de semana, congresso internacional e leitura, muita leitura. Também comecei a tornar concreta essa preparação através de muitas conversas com pessoas relacionadas a área e o mundo ia me trazendo “coincidências”....meu primeiro chefe na área de tecnologia era o presidente da International Coach Federation em São Paulo, e claro, lá estávamos nós num almoço para trocar figurinhas... reencontrei num dos cursos uma amiga de infância afastada pelo tempo...e assim eu preenchia com conteúdos o meu cartaz em branco.

Foi quando começou uma outra batalha interna: sair da cadeira da experiente profissional e ir para a cadeira da aprendiz. Não tem a ver com humildade ou

arrogância, mas com o costume de estar num lugar onde você é sempre perguntada antes de qualquer coisa acontecer e, de repente, se ver em outro lugar, onde você não tem a resposta, e mesmo se tivesse, a pergunta ainda não é direcionada para você. Me peguei emaranhada em dúvidas e comecei a me questionar se realmente ainda havia tempo para aprender, consolidar e me tornar uma referência em algo que era tão novo. Precisava me reposicionar.

Lembro nesta fase, de uma conversa com uma amiga. Eu me lamentava: “preciso aprender muito para ser uma boa profissional, acho que não tenho mais tempo para começar tudo de novo” e ela me fez uma pergunta que mudou tudo: “o que te faz pensar que você precisa jogar fora tudo o que você já sabe?” e ainda completou com um conselho:

 

“você não precisa virar as costas para

quem você é hoje, apenas precisa

integrar novas coisas para

se tornar quem você quer ser”.

 

E era verdade, eu estava me colocando naquele lugar de abandonar o mundo corporativo, tudo o que eu conhecia. Essa conversa gerou o reposicionamento que eu precisava, passei a olhar para mim como uma profissional experiente e que precisava adicionar conhecimentos para exercer uma nova atividade, mas que tudo que eu tinha feito vinha junto comigo.

Não, eu não estava partindo de um cartaz em branco, mas de um cartaz que já tinha muitos desenhos coloridos. Sentia-me inteira e pronta (mesmo ainda precisando estudar muito) para dar um passo adiante. Mas a preparação não é só sobre habilidades, ter conteúdo e sentir-se inteiro, não é mesmo? Ainda tinha toda a preparação financeira também, essa bem cheia de armadilhas...

Se você está pensando em mudar de carreira e acredita que ainda precisa estudar muito para começar a fazer uma nova coisa, vale se perguntar:

  • O que seria necessário para vocês se sentir preparado para essa mudança? (eu fui estudar e beber em fontes de conhecimento)

  • Como você se mantém conectado ao seu desejo de mudar de vida? (eu me questiono toda vez que algo diferente aparece no meu dia a dia).

  • Com quem você poder trocar figurinhas? (eu fui falar com meu ex-chefe que eu admirava, com amigos, com profissionais da área).

  • O que seu cartaz já tem desenhado? (eu reconheci que ainda poderia continuar contribuindo com o mundo corporativo).

Christine Bona é Coach e Membro da Eight | Agente de Transformação Cultural. Buscando sempre o novo para apoiar pessoas na descoberta e construção do caminho em direção ao seu propósito. Finalizou sua transição de carreira em julho de 2018.

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