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Foto do escritorChristine Bona

De volta à casa

Atualizado: 8 de abr.


E aquela paisagem a invadiu. Lembranças vívidas da infância. Sentimento de liberdade e de que ali podia deixar sua criança livre para brincar. Como num filme rápido lembrou dos últimos acontecimentos: o marido que não veio, a escolha de seu novo ano, a consciência de que precisava se reabastecer. Aquela invasão parecia ser tudo o que ela precisava naquele momento.

E então fechou os olhos e deixou os sons fazerem seu papel, despertarem as necessidades encobertas. E, como num impulso gerado por algo inexplicável, cantou. Cantou para agradecer o passado e o presente. Cantou para agradecer o caminho que vinha pela frente. Cantou aceitando o não saber.

Abriu os olhos para ver a chuva que se formava em alto mar e não se importou quando começou a molhar: seria parte do caminho e tinha o vento para secar.

No seu coração muitas perguntas, sorria de felicidade por ter perguntas sem respostas.

Na verdade, sorria por se sentir bem sem tê-las, afinal já tinha aprendido que a busca no futuro nada mais é que a fuga do presente.

Imóvel, não queria deixar de se invadir. A paisagem ajudava. Ali restava silenciada. Sabia ter que mover-se.

Moveu-se retornando para os outros, para o barulho externo. Nada mudou por lá e não sabia se algo tinha mudado por dentro. Um lapso de impacto na onda de um caminho muito mais longo.

Partiu invadida.

Christine Bona, nasceu na Bahia, cresceu em Busca Vida e aprende sempre um pouco mais sobre si mesma a cada visita àquela praia de mar aberto.

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