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De mãos dadas pela vida...

Atualizado: 8 de abr.


Era uma vez um rapaz bonito, esportista, estudante de engenharia civil, que tinha acabado de terminar um noivado longo e estava a fim de curtir a vida com os amigos. Era uma vez uma bela moça recatada, de família, estudante de ciências sociais que adorava assistir filmes e ler livros. O pai dessa moça já a havia alertado: “Tá vendo aquele tipo de rapaz, com shorts vermelho e carro esporte... esse tipo se chama playboy e você deve ficar longe dos playboys...”

E claro, o destino fez com que a bela moça recatada conhecesse o rapaz bonito “playboy” e dezoito meses depois eles estavam se casando. Meu pai estava recém-formado e começava a trabalhar na CESP. Minha mãe ainda cursava o último ano da faculdade quando descobriu que estava grávida de mim... “Nossa, dá pra engravidar assim tão fácil?” eles pensaram. Siiiimmm! E eu nasci: primeira filha, primeira neta e primeira sobrinha de ambas as famílias. Três anos e meio depois chegou meu irmão, Douglas.

E foi assim que meus pais se conheceram, se casaram e iniciaram essa nova fase de suas vidas. Filhos indo para a escola, fins de semana no clube jogando tênis e nas férias, viagens para a praia ou para alguma pousada da CESP. O dinheiro era contadinho mas o suficiente para pagar as despesas e fazer uma poupança. E os filhos foram crescendo, assim como suas individualidades. A escola que era boa para um não necessariamente era a ideal para o outro. Lembro-me de algumas conversas entre os meus pais sobre mudar meu irmão de escola, buscar outra metodologia de ensino, pois ele não gostava de estudar e não tirava boas notas. Filhos não vêm com manual de instrução, assim como casamento também não...

E o tempo foi passando... filhos adolescentes são criaturas de outro mundo! Que saudades dos bebês que só choravam... E era inevitável ter discussões sobre os filhos e os rumos que suas vidas iam tomando. Imagino que muitas dessas discussões eu nem tenha presenciado uma vez que meus pais tomavam esse cuidado. Como em qualquer família, os problemas existiam mas de alguma maneira meus pais resolviam. Lembro-me que alguns dias eram mais difíceis que outros, alguns dias mais tensos e silenciosos. Outros dias podia-se notar um carinho aqui e ali, sorrisinhos e olhares cúmplices...

E o tempo foi passando e hoje 28 de junho de 2019 meus pais completam Bodas de Ouro, 50 anos de casamento... Já pararam para pensar o que significa estar casado com a mesma pessoa por meio século? Eu comecei a refletir sobre isso... significa que o casal passou mais tempo de vida juntos do que separados. Significa que o casal já é uma “entidade” que tem uma dinâmica própria que vai além de suas individualidades. Imagino que durante esses 50 anos houve muitos momentos de plena felicidade. E também outros tantos momentos em que a vida de cada um tomou um caminho diferente: com opiniões divergentes, uma atitude que não foi bem aceita ou entendida, discussões e expectativas frustradas. Imaginem o quanto não muda uma pessoa ao longo de 50 anos! Se lidar com a nossa própria transformação já é complexo, imagine lidar com a do seu companheiro também, e por 50 anos... é um belo desafio! Acredito que amor, respeito e admiração são elementos fundamentais numa relação duradoura. E esse amor, respeito e admiração também mudam com o passar do tempo. O importante é que continuem vivos e sendo o alicerce da relação.

Se meus pais estão celebrando suas Bodas de Ouro é porque todas as vezes em que trilharam caminhos diferentes souberam, de alguma maneira, se reencontrar e achar um caminho em comum onde seguiram lado a lado, de mãos dadas novamente. Eu já ouvi várias vezes minha mãe dizer que se fosse para viver tudo novamente, ela escolheria o meu pai. Tenho certeza que ele também a escolheria. E com certeza eu os escolheria para serem meus pais...

Erica Mizumoto é filha de Cecília e Pedro e tem o maior orgulho do mundo de ser filha deles. Coach e co-fundadora da Eight, tem profunda consideração pelas relações humanas que se fundamentam em amor, respeito e admiração.

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